segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

TVs adotam cautela às vésperas da estreia da interatividade na TV Digital

Ainda que os primeiros aparelhos com os perfis de interatividade definidos pelo Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (Fórum SBTVD) estejam prestes a chegar nas prateleiras, os canais brasileiros de TV aberta ainda abordam com cautela a possibilidade do espectador interagir com a programação.

Levantamento feito pelo IDG Now! mostra que estações de TV no Brasil trabalham em aplicativos que permitirão apenas interação local, ou seja: espectadores poderão escolher uma entre diversas opções já pré-definidas pelo canal.

Exemplo disto são os aplicativos que o departamento de engenharia da Rede Globo vem preparando para o canal.

Em evento na sede da emissora em agosto, o diretor da Central Globo de Engenharia, Fernando Bittencourt, mostrou dois modelos: um generalista, que pode ser exibido em toda programação, e outro focado, destinado a programas específicos.

No primeiro, widgets na parte inferior da tela permitem que o espectador tenham acesso a informações do reality show “Big Brother Brasil”, do portal G1 ou do site Globoesporte.com a partir da tela da sua televisão.

Quando clicados, os widgets abrem janelas na coluna esquerda da tela do espectador, reproduzindo manchetes e resumos curtos de notícias veiculadas pelas operações online do conglomerado.

Na ocasião, Bittencourt o considerou o modelo “mais agressivo” de interatividade do canal e já tenta fazer com que os sites da Globo peguem carona na popularidade do canal de TV.

No segundo, voltado inicialmente para novelas e jogos de futebol, uma interface composta por botões na coluna esquerda mostra informações adicionais sobre o programa que podem ser acessadas pelo controle remoto, como sinopse do capítulo ou classificação do campeonato.

A Globo confirma que vem testando estes aplicativos mais pontuais na novela “Viver a vida”, depois de criar interatividade para a novela “Caminhos das Índias” e para o Campeonato Brasileiro 2009.

O modelo de aplicações específicas também já está em testes pela Rede Record, que afirma ter criado um aplicativo para o reality show “A Fazenda”, testado entre junho e agosto, com informações como a biografia dos participantes.

O diretor de tecnologia da Record, José Marcelo Amaral, admite que outros programas da grade da emissora também estão sendo usados de base para a criação de aplicativos, mas não confirma os nomes.

O conceito de um portal genérico com informações sobre a estação que pode ser acessado independentemente do programa no ar é explorado tanto pelo SBT como pela TV Cultura.

No ar há seis meses, o portal do SBT apresenta informações como data e horário, previsão do tempo e informações sobre os programas, além de fazer enquetes com o público e oferecer promoções comerciais, afirma o diretor de tecnologia do canal, Roberto Franco.

O portal, segundo ele, será a porta de entrada para que aplicativos específicos sejam acessados.

Programas jornalísticos e novelas deverão ser os primeiros programas com interatividade própria, afirma ele, sem adiantar prazos para que os aplicativos estejam prontos.

Caminho semelhante segue a TV Cultura que, em parceria com o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), de Campinas, no interior de São Paulo, vem criando a interface para um portal que será acessado pelos diferentes canais da Fundação Padre Anchieta.

Segundo o coordenador do núcleo de novas mídias da fundação, Ricardo Mucci, outro projeto feito em parceria com o CPqD é um sistema de busca semântico para que espectadores encontrem os vídeos que querem de maneira mais fácil.

Quando pronta, a ferramenta será integrará ao portal para facilitar a navegação dos espectadores. O canal pretende ainda digitalizar seu acervo, o que permitiria a busca por conteúdos produzidos a partir do final da década de 60.

Consultada, a Bandeirantes afirmou que não divulgará seus planos para interatividade na TV Digital até fechar seu planejamento para 2010. A Rede TV! e a Gazeta não responderam aos pedidos da reportagem.

Dois perfis e TVs interativas

O Fórum SBTVD divulgou no começo de dezembro os dois perfis a partir dos quais os canais de TV poderão desenvolver aplicativos de interatividade dentro do middleware de interatividade Ginga, desenvolvido no Brasil.

A diferença entre eles está no teor do conteúdo reproduzido: enquanto o primeiro perfil se concentra em textos e imagens, o segundo permitirá áudio e vídeo executados simultaneamente ao conteúdo reproduzido na TV.

O grupo também resolveu que o canal da interatividade, por onde as escolhas do espectador seriam levadas à emissora para a realização de enquetes em tempo real, por exemplo, poderá ser acrescentado de maneira independente.

A divulgação do Fórum SBTVD coincidiu com o anúncio da LG que modelos da linha Time Machine Digital de televisores chegariam ao mercado na terceira semana de dezembro com o Ginga instalado.

Serão quatro modelos da fabricante preparadas para interatividade: dois com telas de LCD e dois com tela de plasma.

As TVs LCD reproduzem conteúdo no formato full HD, com resolução de 1.920 pixels x 1.080 pixels, e têm preços sugerido de 4,5 mil reais para a versão de 42 polegadas e 6 mil reais para as versões de 47 polegadas.

Já os modelos com tela de plasma reproduzem conteúdo em alta definição, com resolução de 1.366 pixels x 768 pixels, e têm preços sugeridos de 3,5 mil reais para a versão de 42 polegadas e 4,6 reais para as versões de 50 polegadas.

Fonte: IDGNow

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